SÍNDROME DE BURNOUT: O CIRURGIÃO-DENTISTA DOCENTE E O ESGOTAMENTO LABORAL CRÔNICO
Resumo
A persistência e intensidade de agentes estressores, além das características e funções de cada pessoa, associadas a esforços e falhas em lidar com estresse e suas consequências, podem levar o trabalhador a desenvolver o esgotamento laboral crônico, chegando à forma mais grave do estresse no trabalho, o Burnout. O cirurgião-dentista docente é duplamente vítima de fontes estressoras: na Saúde e na Educação. Este estudo objetivou avaliar a Síndrome de Burnout (SB) em cirurgiões-dentistas docentes de IES privada em João Pessoa-PB. Escolheu-se a abordagem quantitativa, de caráter descritivo, com coleta de dados via questionário estruturado (dados sócio-demográficos e MBI-ES, Maslach Burnout Inventory – educators survey). Voluntariaram-se 45 cirurgiões-dentistas docentes (total=63), sendo a maioria do sexo feminino (80%); faixa etária entre 29 e 62 anos (μ=39,7); 17,8% têm Especialização; 60% Mestrado e 22,2% Doutorado. A SB é um estado de fadiga ou frustração causado pela dedicação a uma causa, um estilo de vida, ou um relacionamento que deixou de gerar recompensa esperada. Não é, necessariamente, resultado de excesso de trabalho, mas configura uma lacuna entre esforço realizado e recompensa recebida. Síndrome ou construto multidimensional caracterizado em função de três componentes: exaustão emocional/física (EE), despersonalização (DE), e diminuição da realização pessoal/envolvimento pessoal no trabalho (EP). Segundo os resultados, dos cirurgiões-dentistas docentes: 8,9% apresentaram SB; 15,6% estão em alto risco; 37,8% em médio risco; e 37,8% em baixo risco de adquirirem SB. Os participantes apresentaram alto e médio nível de EE e DE: 22,2% tiveram escores elevados na dimensão EE (desequilíbrio entre indivíduo e trabalho, gerando desgaste físico e emocional), e 17,8% na dimensão DE (consequência da exaustão emocional); já na EP houve 55,6% de nível baixo, sendo esta dimensão a mais marcante e preocupante, por ser analisada invertidamente. Necessitam-se programas de intervenção na IES, incluindo prevenção e combate à SB, além de desenvolver habilidades de enfrentamento às condições adversas, a fim de ajudar os docentes no manejo de situações laborais estressantes. Suscita-se melhoria do contexto social e das condições de trabalho dos envolvidos por não ser um problema apenas individual, mas organizacional.